18/02/2013

Histórias Sobre Fotografias: Corpos Que Conversam Corpos Que Se Descobrem


 
 
Eram sempre intensos, os diálogos que travava com o seu próprio corpo. Às vezes longos, durante horas, outras vezes apenas por breves instantes. Mas todos eles de um auto-conhecimento crescente e cada vez mais profundo do corpo que desabrochava em si. Como uma flor que se constituía para mais tarde gerar frutos, ia sendo cada vez menos menina e cada vez mais mulher. Tantas as transformações, tantas, naquele corpo em desarmonia com a mente. Conversavam conversas longas e aguerridas de confrontos brutais.

Todos os dias se surpreendia com uma nova descoberta, e um novo confronto, para resolver numa conversa de intensidade extrema. Profunda e esmagadora, a dilacerar a própria pele. E a deixar as marcas da batalha cravadas no rosto. Ó corpo que te apresentas com tanto mistério! São transformações e mais transformações para entender, a toda a hora. Ainda se houvesse uma lição que fosse aprendida e pronto, mas não, os mistérios pareciam não ter fim. Havia sempre um outro problema no dia seguinte. E outro no dia seguinte ao seguinte.

Só mais tarde, já mulher, percebeu que o corpo é para conhecer devagar. A conversar. Conversar até ao limite do entendimento, e do conhecimento. Que depois vem a serenidade.


1 comentário:

Luísa Vaz Tavares disse...

É verdade, Zé, ambos sabemos o significado de um corpo e que apenas de tudo, não é preciso um corpo para amar.

Nesta foto mostras a arte dessa menina mulher que traz o teu sangue nas veias, mas essa foto também mostra o teu talento e o teu orgulho, por isso é tão gratificante extrair dela palavras sentidas.

Que bom que gostaste, porque eu adoro transformar em palavras os sentimentos que as tuas fotografias me transmitem.