30/03/2018

Renovação

Pintura de Juliane Mercante


Em qualquer dia, como todos os dias, a vida renova-se. Renovam-se os propósitos, renovam-se as vontades, renovam-se as certezas e também as dúvidas. Renova-se a existência de uma vida mais ou menos vivida. Porque é assim, a grande proeza de viver: uma caminhada com avanços e recuos por percursos mais ou menos sinuosos. Decorrentes em felicidade, quando os passos são em frente. Envoltos em tristeza, quando é preciso voltar atrás.
É uma lição para se aprender aos poucos, sem importar quantos são os recuos. Porque não têm importância os passos dados atrás, se eles servirem para impulsionar o balanço que é preciso para ir mais além. Ou as paragens para descansar, porque é preciso retemperar as forças que nos movem.
Sonhos, fé, esperança… tantas são as vestes com que se apresentam. Cada qual para sua ocasião. Mas na verdade, são as forças que cada um descobre em si para o simples acto de viver.
São forças em constante renovação.




21/03/2018

Pétalas ao vento... no Dia da Poesia

Imagem © Amanda Cass


Pétalas ao vento
Neste dia de aragem fria
Chegou vestida de Inverno
A Primavera
Mas lá fora, o sol brilha
A desafiar os cachecóis
E as almas sombrias
A dar luz ao pensamento
Porque todo o sentimento
Será eterno
Se lhe dermos a primazia
De ser o único dos sóis
Reinantes da sua era
Ah… que delírios eu invento
Só porque sinto dentro de mim
A inquietação das palavras
Feitas em poema
E hoje, dizem: é dia da Poesia
                               … mas eu sinto-a em qualquer dia!


17/03/2018

Caminhos de Espinhos


Um dia…
caminhei sobre espinhos
e senti os meus pés sangrar.
Pensei que não aguentaria a dor
e tive vontade de parar,
terminar ali o meu caminho,
que a vida não tinha mais valor.

E nesse dia…
abandonei-me ao desespero
que a minha dor alimentava.
Balançou dentro de mim
tudo aquilo em que acreditava.
Sentimento que sempre, enfim
me encurrala onde me esgueiro.

Mas o dia…
não era para acabar ali,
nem as voltas do caminho.
Era só mais um alibi
para a minha alma revoltosa
aprender a não temer os espinhos,
que são eles que levam às rosas. 



08/03/2018

Dia Internacional da Mulher

Imagem © Sylvie Facon


Não foram festas nem flores que levaram a que se escolhesse este dia para Dia Internacional da Mulher e confesso que também não gosto de dias marcados para relembrar ou celebrar seja o que for, no entanto hoje, em pleno século XXI, o mundo ainda nos dá motivos para recordarmos este dia. Mas não só às mulheres, penso eu… porque não é de género que se trata.
Mulher, eu sou todos os dias. E beijos, abraços e flores, gosto de receber em qualquer data. Assim como também gosto de dar, indiferentemente da ocasião. Gosto de receber sem saber porquê, de dar sem obrigação. Não gosto de diferenciações, nem de igualdades sem razão. Cada um na missão que lhe cabe…

… gosto mesmo é de paridade!




           Dia Internacional da Mulher

05/03/2018

Escrever liberta


Quando as recordações remexem nos sentidos e as emoções fervilham à flor da pele, há rios que transbordam as margens da inquietude latente em mim. Caudais de palavras que desaguam em prosa ou poesia. A cama onde converto os pesadelos em sonhos.  
Escorrem-me dos dedos, sem que os consiga conter, rabiscos enraivecidos pelo que não sabem dizer. Ou apaziguados pelo que enfim deram a conhecer. São os desígnios do infinito das almas feitas de sonho, que não cabem num só mundo. Que precisam de muito mais que um espaço para se transcender.
Há universos onde me perco, mergulhando nas reminiscências do meu ser. Só para depois submergir na ilusão dos sentidos, que teimam em me fazer viver
… nesta liberdade aprisionada que é a necessidade de escrever!