27/01/2017

Acasos

Fotografia de Marta Cernicka |

Há acasos que podem salvar dias.
Quando o sol não aparece pela manhã
e o canto dos pássaros se deixa de ouvir,
perdido na inquebrável cinzentania
que esconde a esperança, ainda que vã.
Se no vento perdido voa um certo florir
de sementes que fecundam o chão
e irradiam os magnetismos do coração.
Sente-se o perfume que se espalha no ar,
em gotas de total embriaguez.
Síndrome de grande alheamento, talvez,
a tudo o que tende a desintegrar
o destino dos dias que nascem sem aso
e por uma flor que desponta vadia,
são salvos ao acaso.



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