Mostrar mensagens com a etiqueta Nos meus livros. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Nos meus livros. Mostrar todas as mensagens

02/04/2018

Saio Pela Tardinha - in Alegrete em Poesia




Saio pela tardinha,
sentindo o aroma das flores
e a brisa que refresca a noite,
anunciando-se mansinha,
traz com ela os seus odores.

Mescla de alma com sentimento,
frutos maduros e roseirais,
há no ar um encantamento
ao ouvir o canto dos pássaros,
que se espraiam nos beirais.

Embalo dos meus sonhos, 
do meu eu mais profundo.
Mesmo querendo mais, 
retorno sempre cá, do mundo
onde me exponho.

Para não permitir que adormeça,
no meu ser dolorido,
a força do meu coração.
Embora reconheça com emoção,
amor assim jamais será esquecido. 


          Esta é uma obra simples e singela - como são as coisas belas da vida - onde se reúnem alguns poetas de Alegrete, que com muita honra coordenei. 




09/01/2017

in Alegrete D'Aquém e D'Além Mar


O sonho pairava no ar e foi numa espécie de magia sentida a dois que terminaram o jantar. Inês e Henrique sabiam que um caminho reluzente os esperava para ser percorrido na senda da paixão. Um e outro eram estrelas da mesma galáxia. Corpos ardentes que se queriam pertencer numa dádiva mútua em cama de prazer.
- Este quarto era dos meus avós – Henrique falou com intensidade na voz – este foi o seu leito nupcial. Meu avô costumava contar para mim e para meu irmão que naquele tempo não tivera oportunidade para viajar em lua-de-mel então estavam neste quarto os paraísos encantados que visitara com o amor de sua vida. A minha avó.
Inês deslizou a mão ao longo do cabelo, soltando-o por cima do peito que deixava vislumbrar através do decote semiaberto. Andou na direção de Henrique e com olhar sedutor ofereceu-lhe o beijo que o despertou para uma dança de sentidos. Desnudaram-se os corpos na sequência das mãos em delírio. Que as almas, essas já se haviam desnudado à mercê do estado que as envolvia. Caminhos desconhecidos, trilhos secretos que a um e a outro desvendavam universos sombrios à espera de libertação. Elevaram-se os espíritos, cânticos de anjos ecoaram nos céus. Houve o êxtase e num instante a inquietação. Nos olhos de Inês, nuvens intempestivas assombraram o coração de Henrique.
- Desculpa…
- Desculpa…?
- Fiz-te chorar.
- Uma mulher chora sempre. Chora quando está profundamente triste, chora quando está extremamente feliz, chora quando odeia, chora quando ama. Chora quando o coração lhe transborda de sentimentos que a marcam para todo o sempre.
Henrique bebeu na força do caudal daquele rio de lágrimas e chorou também. Sem palavras, porque todas as do universo não aguentariam o que aquelas duas almas tinham para dizer, deixaram adormecer os corpos ao ritmo dos corações em festa. Pela madrugada fora rumo a uma alvorada que se eternizaria no amor que os fazia unos.
- Inês, já é dia.
- Não, não me acordes ainda. Quero banhar-me nua no sol desta manhã.
Sol que não havia. Nem sequer a janela estava aberta. O sol brilhava só e apenas para eles os dois. Foi o último trago da noite, que beberam antes de se juntarem ao convívio familiar que não desejavam.


28/10/2015

in "Alegrete D'Aquém e D'Além Mar"

... Todas as partidas implicam uma chegada. Com ou sem retorno, há sempre qualquer coisa que muda. Pode ser apenas a paisagem ou pode ser uma mudança em nós. Podemos mudar a aparência como se muda a embalagem de qualquer produto ou podemos mudar o próprio produto. O que parece consensual é que quando se muda vai-se sempre com a convicção de que é para melhor. ..
... - Uma mulher chora sempre. Chora quando está profundamente triste, chora quando está extremamente feliz, chora quando odeia, chora quando ama. Chora quando o coração lhe transborda de sentimentos que a marcam para todo o sempre... 

... - Vês aquela estrelinha que brilha mais, ali no meio das outras?
- Sim e que tem ela?
- Ela ilumina o caminho dos meninos bons e ela hoje está especialmente focada para teu caminho...