Pintura: As Irmãs de Renoir |
Elas
eram grandes amigas. Partilhavam as brincadeiras, os segredos e as confidências
de criança… e partilhavam também o caminho para a escola. Naquele tempo, lá no
longínquo início dos anos cinquenta do século XX, as escolas ficavam longe,
para as meninas e meninos que moravam no campo. Por vezes, percorriam
diariamente longas distâncias a pé. Aqueles que tinham o privilégio de poder ir
à escola. Quantas vezes, ou porque os pais precisavam do trabalho deles, ou
porque não estavam despertos para os benefícios da escolaridade, simplesmente
não iam.
Elas
as duas, uma porque os pais podiam prescindir do seu trabalho, outra porque os
pais nem trabalho tinham para a ocupar, iam. Todos os dias de manhã, com a bolsa
dos livros, cadernos e lápis às costas e a lancheira na mão, andavam os
quilómetros que as separavam de um futuro mais iluminado pelo saber ler e
escrever.
Na
lancheira levavam o almoço, e era ai que estava o que as distanciava. Mas que
mais que isso as aproximava. A uma, a mãe procurava sempre os melhores
“petiscos” para lhe enviar merendas variadas, à outra a mãe só tinha cebola
frita com pão para lhe enviar. Mas, porque eram grandes amigas, a que levava
merendas variadas sempre as partilhava com a amiga.
Há
mães que nos inspiram para a uma certa maneira de ser, apenas com as suas
histórias de vida.
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