Com um punhado de areia ele
plantou um jardim. Conduziu a assistência em viagens imaginárias por terras que
nunca haviam percorrido. Pelo caminho das histórias viajaram com o povo Tuareg,
nómadas berberes que vivem no deserto do sahara. Contou lendas e mitos do seu
povo. Senhores, príncipes e princesas. Que da cultura tuareg não há muita
escrita, são tudo contos ancestrais de tradição oral. Ele próprio dizia já ter
nascido contador de histórias. Sou um filho de Ulisses, Sinbad, Sherazade, e
dos cantores de blues deste planeta. Nos olhos um sorriso maroto… toda a
sabedoria das suas gentes se transporta na algibeira de um contador de
histórias, amarrada pelas notas de um alaúde.
De onde eu venho os trovadores
nascem cedo. Sou da terra dos homens livres, nasci no meio do deserto, num
oásis na terra de lugar nenhum. Um artista nasce da sorte. Além do dom é
preciso ter sorte, e eu tive a sorte de nascer filho de um trovador berbere. E
de uma poetisa. A minha mãe era poetisa e carregava-me numa trouxa às costas
enquanto recitava os poemas da nossa gente. Assim me fiz contador de histórias.
E músico. Também sou músico, sou percussionista e toco vários instrumentos. Também
tive a sorte de conviver com griots, os mestres das artes e da palavra. Com
eles aprendi muitos mitos e epopeias do meu povo, que cultivo até hoje. Além de
dom e sorte, o contador de histórias precisa ter memória.
Era um contador de histórias
marroquino, radicado no mundo, a contar histórias do seu país.
1 comentário:
Muito bom Luisa, como sempre
bjs.
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