Eram sempre intensos,
os diálogos que travava com o seu próprio corpo. Às vezes longos, durante
horas, outras vezes apenas por breves instantes. Mas todos eles de um
auto-conhecimento crescente e cada vez mais profundo do corpo que desabrochava
em si. Como uma flor que se constituía para mais tarde gerar frutos, ia sendo
cada vez menos menina e cada vez mais mulher. Tantas as transformações, tantas,
naquele corpo em desarmonia com a mente. Conversavam conversas longas e aguerridas
de confrontos brutais.
Todos os dias se
surpreendia com uma nova descoberta, e um novo confronto, para resolver numa
conversa de intensidade extrema. Profunda e esmagadora, a dilacerar a própria
pele. E a deixar as marcas da batalha cravadas no rosto. Ó corpo que te
apresentas com tanto mistério! São transformações e mais transformações para
entender, a toda a hora. Ainda se houvesse uma lição que fosse aprendida e pronto,
mas não, os mistérios pareciam não ter fim. Havia sempre um outro problema no
dia seguinte. E outro no dia seguinte ao seguinte.
Só mais tarde, já
mulher, percebeu que o corpo é para conhecer devagar. A conversar. Conversar
até ao limite do entendimento, e do conhecimento. Que depois vem a serenidade.
1 comentário:
É verdade, Zé, ambos sabemos o significado de um corpo e que apenas de tudo, não é preciso um corpo para amar.
Nesta foto mostras a arte dessa menina mulher que traz o teu sangue nas veias, mas essa foto também mostra o teu talento e o teu orgulho, por isso é tão gratificante extrair dela palavras sentidas.
Que bom que gostaste, porque eu adoro transformar em palavras os sentimentos que as tuas fotografias me transmitem.
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